Powered By Blogger

terça-feira, 12 de maio de 2009

Das kapital

Já que meu cérebro anda vazio (ou como gosto de definir essa situação, "cheio de água") vou postar um texto que vomitei em um período de angústia monetária. Comunistas nao se alegrem, isso é apenas uma reflexão visceral sobre nossas relações pecuniárias. Quem tiver saudades da URSS vendo minha coleção de Sputiniks barata.

"Se tem alguma coisa que une todos os seres humanos, pelo menos nós que vivemos na sociedade urbana e capitalista, é a busca pelo vil metal. Médicos, advogados, professores, cientistas, operários, lavadores de carro, empregadas domésticas, mendigos e bandidos estão ligados pela busca dessa mesma coisa. Não há ideal, não há virtude nisso. É apenas o reflexo da necessidade que temos de possuí-lo. Todas nossas palavras e ações finalizarão na aquisição de numerário ou de bens que se reverterão em capital. Peças jurídicas, procedimentos cirúrgicos, anamneses, aulas magistrais, uma boa cera no carro do doutor ou a faca no abdomen da madame enquanto sua bolsa, relógio e orgulho próprio são afanados, tem como propósito no final aumentar a quantidade de dinheiro no bolso dos praticantes desses atos. Independentemente de serem atos nobres ou pulsinames, singelos ou complexos, fruto de dedicação ao estudo ou de pura violência, legais ou ilegais, movidos por nobres ideais ou motivos escusos e incofessáveis, esteticamente apreciáveis ou abjetos, feito por pessoas vestidas ou nuas, usando capacetes ou gravatas, aventais ou ternos, óculos de proteção ou meias encobrindo o rosto, operando máquinas ou teclados, violinos ou britadeiras, pincéis ou navalhas, invocando Deus ou o demônio, a moral e os bons costumes ou a sua luxúria, para melhorar sua saúde ou acabar com ela, para valer os seus direitos ou retirá-los. Todos praticantes dessas ações vão, no final, pedir o que eles querem. Irão depois de salvarem sua vida, sua reputação, seus direitos, ajudarem na sua educação, saciarem sua fome e sede, sua carência, suas perversões, aplacarem sua ira, sua tristeza, seu frio, satisfazerem seus desejos, todos, vão no final mandar para você o preço de seus serviços. A conta.
Porquê é isso, o capital, que os homens objetivam. Acumulá-lo, possuí-lo e exibí-lo para os amigos e inimigos. Mostrar que o têm e que o podem usar no que quiserem. Não importa como conseguiram, mas que o têm, e é assim que vão te medir, não pelo que és ou pelo que pensas, mas pelo que tens. E todos irão querer um pedaço, uma fração, um naco ou até tudo do que acumulastes. Nunca querem o que és, mas o que possuis. E todos voltarão para suas cavernas segurando o seu pedaço de carne que conseguiram tirar do ser mais fraco, se esconderão na escuridão de suas tocas, onde devorarão avidamente o seu butim e sonharão com o mundo em frente a televisão."

Nenhum comentário:

Postar um comentário