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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Perdendo a chance de ficar calado

Tem horas que a melhor opção é não falar nada. Especialmente em momentos de dor e sofrimento particular ou generalizado. Se você não sabe o que falar nesses momentos a melhor coisa é permanecer calado e ser solidário em seu silêncio.

Infelizmente algumas pessoas da Universidade de Pernambuco (UPE) desperdiçaram essa chance preciosa no enterro do Professor Almir Olímpio Alves, vitima de um atentado bárbaro em um centro comunitário no estado de Nova Iorque, nos EUA, onde fazia seu Pós-Doutorado. O professos Almir e diversos outros inocentes, a maioria estrangeiros como ele, foi morto numa dessas insanidades originadas da combinação de uma mente frustrada e incapaz de resolver seus problemas pessoais e do acesso fácil a armas de fogo, que tem sido incomodamente recorrentes nos EUA e parece que está se espalhando para outros países.
Ao invés de manter a sobriedade que é recomendada nessas situações a coordenadora do campus da Universidade que Almir lecionava saiu-se com essa:
"É um país que não dá prioridade ao humanismo. Ele foi estudar em uma grande potência que investiu no conhecimento, mas esqueceu de investir na pessoa humana".
Para piorar o pessoal do CA da matemática foi no mesmo tom e resolveram complementar a profunda análise sociológica da professora com sua própria análise socio-econômica de botequim:
"Situações como essa nos obriga a desconfiar da destrutiva e nefasta relação entre a indústria armamentista que encontra forte impulso nos Estados Unidos e é alimentado por um forte comércio aberto, apoiado pelo tráfico". Coroando com essa: "a crise econômica e social iniciada naquele país, conduz a um profundo processo de desagregação social em diversos âmbitos na vida em sociedade nos Estados Unidos".

Você pode achar o que quiser dos Estados Unidos e de qualquer outro pais, mas usar uma cerimônia de luto e homenagens a uma vitima de um atentado ocorrido nos EUA para destilar anti-americanismo barato baseado em achismos socio-econômicos é uma tremenda falta de tato, especialmente quando nosso país tem telhado de vidro (ou diria, telhado nenhum) nesse assunto pois em matéria de violência urbana ou rural ganhamos dos Estados Unidos de goleada. Depois não reclame quando caírem as pedras.
Não me recordo de nenhum parente de vítima estrangeira de violência no Brasil ter se referido assim ao nosso país, pelo contrário, geralmente fazem declarações diplomáticas referindo-se a fatalidades e a violência urbana comum em grandes centros no mundo todo. Talvez a professora esqueceu que a capital do estado dela é a terceira maior em números de homicídios no pais, e que vitimas inocentes morrem lá todos os dias, sem que ela se preocupe com o “humanismo” dos seus cidadãos.
O contrastante com a declaração da coordenadora do campus é que o Almir estava aproveitando de uma ação digamos “humanitária” da comunidade que morava, um centro de apoio aos imigrantes, onde tinha aulas gratuitas de inglês. Algo assim existe no Brasil para apoiar os Bolivianos, Paraguaios e outros imigrantes que vem tentar a vida aqui?

Sinceramente, achei que foram declarações extremamente infelizes, refletindo um anti-americanismo bobo. Era melhor não ter dito nada

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